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Dom e Bruno: o que se sabe sobre o desaparecimento na Amazônia de jornalista britânico e indigenista

Os dois faziam trabalhado de investigação em terra indígena no Amazonas e ficaram mais de uma semana desaparecidos. Mulher de jornalista disse ter sido informada pela PF que corpos foram encontrados, mas falta perícia confirmar identificação

Dom Phillips e Bruno Pereira — Foto: montagem

Mais de uma semana após o desaparecimento na Amazônia do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, a mulher de Phillips, Alessandra Sampaio, informou ter sido avisada pela Polícia Federal que os corpos foram encontrados. Segundo ela, uma perícia ainda seria feita para que a identificação fosse confirmada.

Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, um domingo, ao passar pela comunidade do Amazonas de São Rafael. De lá, partiram numa embarcação para uma viagem de cerca de duas horas, mas não foram mais vistos.

Entenda o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso a partir das seguintes perguntas:

1. Como Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram?

O indigenista brasileiro e o jornalista britânico colaborador do jornal "The Guardian" faziam um trabalho de investigação na Amazônia, na Terra Indígena Vale do Javari, quando desapareceram. Bruno Pereira e Dom Phillips viajavam numa embarcação rumo a Atalaia do Norte, depois de passarem pela comunidade de São Rafael em 5 de junho, última vez que foram vistos. A viagem de cerca de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.

2. Há sinais de que eles tenham sido encontrados?

Na manhã desta segunda-feira, 13 de junho, a mulher de Phillips, Alessandra Sampaio, disse ter sido avisada pela Polícia Federal que os corpos deles foram encontrados. Oficialmente, as autoridades brasileiras ainda não haviam confirmado a informação até a última atualização desta reportagem. Alessandra disse que, na ligação que recebeu da PF, foi informada sobre a localidade onde estavam os corpos, que ainda precisariam ser periciados para que a identidade deles fosse confirmada. Ela contou, ainda, que a Embaixada Britânica comunicou aos irmãos de Phillips sobre a localização dos corpos, ratificando a informação da PF.

O jornal britânico "The Guardian", para o qual Dom Phillips trabalhou, afirma que a família do jornalista foi informada pelo embaixador brasileiro no Reino Unido sobre a localização de dois corpos. "Ele não descreveu a localização e disse que foi na floresta e que estavam amarrados a um árvore e ainda não haviam sido identificados", disse Paul Sherwood, cunhado de Phillips, ao "Guardian".

3. Houve prisões relacionadas aos caso?

Sim. A Justiça determinou, e a polícia cumpriu, a prisão temporária por 30 dias de Amarildo da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido como "Pelado". Ele foi avistado por ribeirinhos passando no rio logo atrás da embarcação de Bruno e Dom, no trajeto entre a comunidade de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Inicialmente, durante as investigações sobre o desaparecimento, Amarildo foi preso depois de a polícia encontrar com ele uma porção de droga e munição de uso restrito. Mas, ao apreender e periciar a lancha usada por ele, a polícia informou ter encontrado vários vestígios de sangue. Faltava confirmar se, de fato, se tratava de sangue humano ou de animais. O irmão de Amarildo que se encontrou com ele na cadeia disse que, ao ser preso, Amarildo foi torturado, com afogamento e uso de spray de pimenta pela polícia. Familiares também disseram que ele é inocente e estaria sendo forçado a confessar o crime.

4. Que tipo de conflito existe na região?

A Vale do Javari, localidade onde Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram, é a segunda maior terra indígena do país. A região é marcada por invasão de terras por garimpeiros ilegais, roubo de madeira e tráfico de drogas. Fica na na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, e está localizada no estado do Amazonas.

5. Quais pertences de Bruno e Dom foram achados?

Equipes de buscas encontram no domingo em que se completava uma semana do desaparecimento vários itens que pertenciam a Bruno e Dom. Na lista divulgada pela polícia e pelos bombeiros constava:

notebook

cartão de saúde em nome de Bruno Pereira;

calça preta de Bruno;

chinelo preto de Bruno;

par de botas de Bruno;

par de botas de Dom Phillips;

uma mochila de Dom contendo roupas pessoais

6. Onde foram achados pertences?

O material que pertencia ao indigenista e ao jornalista foi encontrado próximo à casa de Amarildo Costa de Oliveira, suspeito de envolvimento no crime, que segue preso no município. Os pertences estavam em uma área de igapó, tipo de região da Amazônia alagada pelos rios e com inúmeras árvores, e estavam amarrados em uma árvore.

7. Quem são Bruno Pereira e Dom Phillips


Além de indigenista, pessoa que reconhecidamente apoia a causa indígena, Bruno Pereira é servidor federal licenciado da Funai. Ele também dava suporte a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari,(Univaja) em projetos e ações pontuais. Segundo a nota da Univaja, Bruno era "experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos".


Dom morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como "Washington Post", "New York Times" e "Financial Times", além do "The Guardian". Ele também estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson. Dom e Bruno faziam expedições juntos na região desde 2018, de acordo com o "The Guardian".


G1.globo.com 

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