Bolsonarista bate em carro de vereadora do PT, capota caminhonete e morre

Empresário do agro Luiz Carlos Ottoni fugiu e capotou a caminhonete após bater na traseira do carro da vereadora Cleres Revelante (PT) em Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul

Empresário bateu uma caminhonete na traseira do carro da vereadora petista Cleres Revelante na terça-feira (13), fugiu em alta velocidade, capotou a caminhonete e morreu no local — Foto: Reprodução



O produtor rural Luiz Carlos Ottoni, de 46 anos, simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL), dirigia uma caminhonete modelo Hillux quando colidiu contra a traseira do carro, modelo Corolla, onde estava a vereadora petista Cleres Revelante e uma assessora, na tarde de terça-feira (13). 

Depois da batida, a vereadora chamou uma viatura da Brigada Militar que passava na avenida naquele momento. Ottoni, que é de uma família tradicional de pecuaristas da região, fugiu em alta velocidade, colidiu contra um barranco, num trecho de estrada não pavimentado,capotou e morreu no local.

O episódio ocorreu no município de Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul, a 200 km de Porto Alegre. A Polícia Civil investiga se houve motivação política quando Ottoni atingiu o carro de Revelante, que estava todo adesivado com políticos do PT, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quarta-feira (14), ela foi ouvida pelo delegado Dieison Anderson Garcia Novroth.

Entre as hipóteses levantadas pela investigação está a possibilidade de que o produtor rural tenha causado a colisão porque estaria embriagado. O delegado afirmou que testemunhas relataram que Ottoni tinha histórico de confrontos no trânsito.

Porém, segundo o depoimento da vereadora, o empresário do agronegócio já havia proferido agressões verbais contra ela em outras ocasiões, não escondendo sua preferência política pelo presidente Bolsonaro.

A senadora e candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) se manifestou sobre o ocorrido em seu perfil oficial do Twitter. "Mais um caso de violência política. Em Salto do Jacuí/RS, uma vereadora relatou ter sofrido ataque enquanto dirigia seu carro por um motorista devido a divergências políticas. Essa guerra parece não ter fim. Precisamos de paz nessas eleições e no Brasil", escreveu Tebet nesta quinta-feira (15). 

Uma semana antes desse episódio, no 7 de Setembro, o trabalhador rural Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, matou a facadas o colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos e tentou decapitá-lo com machado após uma discussão sobre as eleições. Oliveira declarava voto em Bolsonaro e Santos apoiava o ex-presidente Lula. O crime ocorreu em Confresa, interior do Mato Grosso, e o assassino foi preso. 

A campanha de Lula pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última quarta-feira (14), que tome providências para conter a escalada da violência política nas eleições. "O contexto de intolerância e violência política tem ultrapassado a características de gênero e incorrido sobre os mais singelos atos, como declarar posicionamento político, autoproclamar apoiador de determinado candidato ou simplesmente expressar/manifestar opinião política", sustentam os advogados na ação.

A defesa da campanha também lembrou na ação do crime que vitimou outro petista, em Foz do Iguaçu (PR), no início de julho deste ano. O tesoureiro do PT e guarda municipal Marcelo Arruda comemorava o próprio aniversário, com temática petista e de Lula, quando a festa foi invadida pelo policial penal Jorge Guaranho, que não havia sido convidado e chegou num carro gritando "Aqui é Bolsonaro". O policial saiu do local e voltou já empunhando uma arma, disparou contra Arruda e o matou. 

Guaranho foi preso após ficar um mês hospitalizado, pois recebeu um tiro de Arruda, que também se armou antes de falecer. O policial será ouvido pela primeira vez pela Justiça do Paraná, no Fórum de Foz do Iguaçu, nesta quinta-feira (15).



Por Luana Melody Brasil / O TEMPO

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